terça-feira, 5 de outubro de 2010

PONTUAÇÃO

Atire a primeira pedra quem nunca ficou em dúvida entre colocar ou não uma vírgula antes (ou depois) de certa expressão, entre usar vírgula ou ponto-e-vírgula, ou, ainda, quando empregar dois-pontos!...

Às vezes, a incerteza é tamanha que pensamos se não seria melhor se não existissem tantos sinais de pontuação. Nada mais falso. Vejamos por quê.

Quando falamos, utilizamos vários recursos para dar expressividade ao que dizemos: mudamos a entonação da voz, alteramos a expressão facial, fazemos gestos. Tudo isso para que quem esteja nos ouvindo consiga perceber claramente qual emoção queremos exprimir (raiva, tristeza, alegria, afeto).

Na escrita, porém, esses recursos não estão disponíveis. No lugar deles, utilizamos os sinais de pontuação.

Comecemos apresentando os principais sinais gráficos da Língua Portuguesa:

A vírgula, porém, dentre todos os sinais de pontuação, é o que costuma suscitar mais dúvidas em relação ao seu uso, pois pode cumprir várias funções na frase. Ela é um importante elemento de organização do texto porque seu uso adequado (ou não) interfere no sentido das frases.

Observe o seguinte anúncio publicado pela Associação Brasileira de Imprensa.

Revista Época, 7 Abr. 2008.

Como você pôde perceber, a mudança de posição da vírgula em cada par de frases provocou também uma alteração de significado, assinalada pela frase antecedente de cada par. Veja, por exemplo, o seguinte par de frases:

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

Na primeira frase, a palavra “juiz” aparecendo entre vírgulas forma um vocativo (chamamento). Ou seja, o falante da frase está dirigindo-se a um juiz informando-o de que uma terceira pessoa é corrupta. Já na segunda frase, sem vírgulas, o falante acusa o juiz de corrupção.

Agora vejamos as principais funções exercidas pela vírgula.

Ø Vírgula (,) - marca pausas de breve duração entre os termos de oração e entre orações de um mesmo período.

No interior de uma mesma oração, usa-se a vírgula para separar:

a) vocativo - Ex.: — Como vai, Ricardo?

b) aposto - Ex.: Cássio, o caçula, sai cedo de casa.

c) adjuntos adverbiais deslocados

Ex.: Em meados de março, meu tio voltou de Itu. (Diferente de: Meu tio voltou de Itu em meados de março.)

Impiedosamente, o sol castiga a cidade. (Diferente de: O sol castiga a cidade impiedosamente.)

d) termos de enumeração - Ex.: Comprei bananas, maçãs, melões e abacaxis.

e) nomes de lugar nas datas e endereços - Ex.: Porto Alegre, 24 de maio de 2008.

Rua Santa Luzia, 26.

f) palavras ou expressões explicativas (isto é, por exemplo, ou seja, aliás) - Ex.: Milton concordou comigo, ou seja, fez tudo que eu pedi.

Usa-se também a vírgula para marcar a elipse, isto é, a omissão de um termo da oração. Ex.: Em São Paulo mora meu pai; em Santos, minha mãe.

Entre orações, emprega-se a vírgula para:

a) separar orações - Ex.: Não quero viajar, mas vou mesmo assim.

b) separar orações ligadas pela conjunção e cujos sujeitos sejam diferentes – Ex.: João foi ao Japão, e Maria foi à China.

c) distinguir as orações explicativas das restritivas – Ex.: O rapaz, que vinha na motocicleta, parou defronte da loja. (Diferente de: O rapaz que vinha na motocicleta parou defronte da loja.)

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