segunda-feira, 29 de março de 2010

Texto para debate

Amigos em excesso

Antropólogo questiona a validade de adicionar grande número de contatos em redes sociais

Correio Braziliense

O verso "eu quero ter um milhão de amigos", presente na canção Eu Quero Apenas, escrita por Roberto e Erasmo Carlos nos anos 1970, parece ser encarado literalmente por alguns usuários de redes sociais. Há internautas com centenas de contatos acumulados. Mas como alguém consegue administrar um círculo social tão extenso? Não consegue. É o que garante pesquisa feita na Universidade de Oxford (Grã-Bretanha) .

Liderado pelo antropólogo Robin Dunbar, o estudo aponta que o cérebro humano tem a habilidade de lidar com até 150 amigos, independentemente da personalidade do indivíduo. Quando essa teoria migra para o mundo virtual, a discussão ganha novas variáveis, e a polêmica em torno do número definido por Dunbar aparece com mais força. O cientista baseou sua pesquisa no estudo do tamanho do neocórtex humano, parte do cérebro responsável por pensamentos conscientes e linguagem.

É importante observar que o número determinado na pesquisa se refere somente aos amigos, definidos pelo antropólogo como aqueles com os quais a pessoa se comunica, pelo menos, uma vez ao ano. De acordo com o estudo, quando alguém tenta manter uma rede social com mais de 150 pessoas, a coesão das relações começa a se deteriorar. Essa ideia, ainda segundo o documento, permanece igual quando é analisada nas páginas eletrônicas de relacionamento.

Em entrevista ao jornal inglês The Times, Dunbar chama a atenção para o tráfego de informações entre os usuários desses sites. "O interessante é que o internauta pode ter 1,5 mil amigos, mas, quando o fluxo de mensagens é observado. percebe-se que as pessoas mantêm o mesmo círculo social de cerca de 150 indivíduos", afirma o antropólogo. "Obviamente, muitos usuários gostam da glória de ter centenas de amigos, mas a realidade é que são tão populares quando qualquer outro sujeito", completa o cientista.

Para a psicóloga Maria Luiza Araújo, o ser humano encara a internet como um ambiente mais confortável para se relacionar com quem não é íntimo.

- Muitas vezes, as pessoas adicionadas são, de alguma maneira, conhecidas. Mas essas foram convivências momentâneas e não fazem parte da rotina do usuário - afirma a psicóloga.

(Zero Hora, ZH Classificados/lnformática, 7 fev. 2010.)

Após ler o texto acima, discuta com os colegas o tema exposto, argumentando sobre as seguintes questões:

- amizades virtuais são diferentes das da “vida real” ou tanto faz a maneira como as pessoas se conhecem?

- é possível uma pessoa se relacionar com um número bastante extenso de pessoas (mais de 150) ou a pesquisa está certa?

terça-feira, 16 de março de 2010

Atividade sobre Variedades Linguísticas


Atualmente, ganha força como forma de comunicação, pessoal ou profissional, o uso do correio eletrônico (vulgo e-mail). O texto acima reproduz uma mensagem em ambiente de trabalho. Analise o registro de linguagem empregado quanto à adequação e reescreva a mensagem, substituindo o que considera impróprio.


domingo, 14 de março de 2010

ORIENTAÇÕES PARA APRESENTAÇÕES ORAIS

Já abordamos o processo de comunicação e existência de diferentes variedades da língua, tanto na modalidade falada quanto na escrita.

Agora vamos apresentar orientações gerais sobre como proceder em situações de comunicação oral, isto é, apresentações orais de trabalhos realizados. Esse tipo de situação pode ocorrer tanto em sala de aula quanto em eventos acadêmicos, como congressos, feiras, salões/jornadas de iniciação científica. Também acontecem no mundo do trabalho, quando é necessário apresentar um novo projeto ou o relatório de alguma tarefa desenvolvida.

O texto a ser apresentado (individual ou coletivamente) deve ser previamente organizado. Essa organização prévia envolve várias etapas. A primeira delas é a pesquisa a respeito do tema proposto.

Como a finalidade de uma apresentação oral é transmitir aos ouvintes conhecimentos sobre determinado assunto estudado, o apresentador deve se colocar na posição de um especialista no assunto em questão. Isso quer dizer que ele deve demonstrar domínio sobre o tema, ou seja, demonstrar conhecer mais sobre o assunto do que os ouvintes. Para tanto, uma boa pesquisa é fundamental.

Após concluída a pesquisa, deve-se selecionar e organizar as informações a ser expostas. Deve-se considerar, nesse passo:

  • como introduzir, desenvolver e concluir a exposição;
  • quais subtemas serão abordados no desenvolvimento;
  • quais exemplos ou apoios (gráficos, tabelas, diagramas) serão utilizados para fundamentar a exposição;
  • que materiais e recursos audiovisuais serão necessários e estarão à disposição.

Também as características do público-alvo devem ser levadas em conta, tais como:

  • faixa etária;
  • tipo de interesse, expectativas e conhecimento prévio sobre o assunto enfocado.

Momento da apresentação

Em geral, há uma pessoa encarregada de iniciar as atividades (o professor, o chefe ou um mestre de cerimônias) informando o tema da apresentação e passando a palavra para o apresentador/grupo de apresentadores.

O responsável por iniciar a apresentação deve, primeiramente, colocar-se à frente da plateia, cumprimentá-la e tomar a palavra.

A seguir, o apresentador diz qual é o tema, fala da importância de abordá-lo nos dias de hoje, esclarece o ponto de vista a partir do qual irá abordá-lo e, no caso de um tema amplo, delimita-o. Por exemplo, se o tema for redes de computadores, a delimitação pode consistir em tratar apenas de redes de longas distâncias. Este momento visa despertar a curiosidade da plateia sobre o assunto.

A partir de então, o apresentador segue o roteiro planejado, expondo cada uma das partes, sem atropelos. Ao terminar cada uma, deve perguntar se alguém deseja fazer alguma pergunta, esclarecer uma dúvida ou se pode seguir adiante. Na passagem de uma parte à outra, deve dar a entender que não há ruptura, mas sim uma ampliação e/ou um aprofundamento do tema. Para isso, deve fazer uso de certas expressões, tais como “Outro aspecto que vamos abordar...”, “Se há esses aspectos negativos, vamos ver agora os aspectos positivos...”, “Além dos pontos abordados, é importante destacar também...”

Para concluir, o apresentador retoma os principais aspectos abordados, fazendo uma síntese deles. Se quiser, pode mencionar pontos que merecem ser aprofundados em outra apresentação. Pode também deixar uma mensagem final, algo que traduza o seu pensamento ou o pensamento do grupo. Por fim, agradece a atenção da plateia e passa a palavra a outra pessoa.

Geralmente, tais apresentações têm um tempo estipulado para seu desenvolvimento. Em vista disso, o(s) apresentador(es) deve(m) estar atento(s) ao andamento da apresentação e ser capaz(es) de introduzir ou eliminar exemplos e aspectos secundários a fim de se ajustar ao tempo disponível.

No caso de apresentações em grupo, é importante que o apresentador que estiver fazendo uso da palavra, ao encerrar sua parte, indique o nome do próximo a falar e introduza qual aspecto será abordado. Para isso, deve usar expressões como “Agora fulano nos falará sobre...”, “Passo a palavra para beltrano que nos explicará...” A pessoa que tomar a palavra deve, primeiramente, agradecer àquele que falava anteriormente e então iniciar sua exposição.

Embora o procedimento comum em apresentações em grupo seja a divisão do trabalho em partes, cada um ficando responsável por uma delas, entre a exposição de um participante e a de outro deve haver coesão. Isso quer dizer que não pode haver contradição entre as diversas falas dos participantes nem ser dada a impressão de que uma fala é independente da outra.

Cada exposição deve retomar o que foi desenvolvido antes e acrescentar, ampliar. Além disso, devem ser empregadas expressões, como “Além das causas mencionadas por fulano, vejamos agora outras, menos conhecidas...”, “Vocês viram as consequências desse problema em redes de ambientes corporativos, agora, vão conhecer as consequências do mesmo problema em...”

Outro elemento que deve ser planejado com antecedência é o gerenciamento dos recursos de apoio utilizados no momento da explanação. Nas apresentações individuais, é importante saber de antemão se haverá ou não alguém para auxiliá-lo no manuseio dos recursos audiovisuais. Se houver, essa pessoa deve ser instruída adequadamente. Caso contrário, deve-se definir um posicionamento que permita ao apresentador estar visível ao público e, ao mesmo tempo, manusear satisfatoriamente projetores, cartazes e/ou outros recursos utilizados.

Nas apresentações em grupo, o ideal é que, enquanto um dos apresentadores expõe, os outros colaborem manuseando os equipamentos, trocando cartazes, apagando a lousa. Não é obrigatório que todos fiquem em pé no momento em que um dos integrantes faz sua exposição.

As apresentações orais de trabalhos são uma modalidade da língua falada. Portanto, não devem se restringir à leitura em voz alta de um texto previamente preparado. Ainda que seja possível fazer uso de textos de apoio escritos, estes devem ser consultados rapidamente, a fim de não prejudicar o andamento da exposição.

O uso de cartazes, transparências e/ou slides deve levar em conta o aspecto citado acima. Por isso, não devem conter textos muito longos. Deve-se dar a preferência à organização em tópicos, apresentação de figuras, tabelas, gráficos, etc.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A LÍNGUA E SUAS VARIEDADES

Cada um de nós começa a aprender sua língua em casa, em contato com a família, imitando o que ouve e apropriando-se, aos poucos, do vocabulário e das leis combinatórias da língua. Nós vamos, também, treinando nosso aparelho fonador (a língua, os lábios, os dentes, os maxilares, as cordas vocais) para produzir sons que se transformam em palavras, em frases e em textos inteiros.
Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todos falam como nós. Há pessoas que falam de modo diferente por serem de outras cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.
Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
Grosso modo, as variações linguísticas são decorrentes:
a) do falante: variedades relacionadas à região onde se nasce, ao meio social em que se é criado ou se vive, à profissão que se exerce, à faixa etária e ao momento histórico;
b) da situação: variedades que ocorrem em função do interlocutor, do tipo de mensagem e do momento ou contexto.
Um advogado, por exemplo, faz diferentes usos da língua ao conversar com um colega de profissão, ao dirigir-se a um juiz no tribunal, ao redigir um bilhete para a secretária ou os argumentos de defesa de um réu. A esses tipos de variedades dá-se o nome de registro.
Em virtude dessa complexidade que envolve o ato comunicativo efetivo, os conceitos de certo e errado ficam muito superficiais. É necessário considerar um novo conceito: o de adequação. Um enunciado é considerado adequado quando é apropriado aos elementos do processo de comunicação.
Tanto na linguagem oral quanto na escrita, podemos observar diversos graus de formalidade, do mais informal ao mais formal. Não é a mesma coisa falar para dezenas de pessoas em um auditório e contar algo a um amigo. Tampouco é a mesma coisa falar com um irmão e falar com o diretor de uma empresa. Cada um desses momentos é uma situação comunicativa diferente. Variam não só as pessoas, mas o lugar, o momento, o(s) receptor(es), as relações afetivas e o tema do qual se fala. Isso significa que a linguagem do texto deve estar adequada à situação, ao(s) interlocutor(es) e à intencionalidade do emissor.
Observe diferentes tipos de registro:
  1. O diretor, seguidor fiel dos regulamentos, não permitirá nenhum desvio de conduta dos alunos.
  2. O diretor é rigoroso e não vai permitir nenhuma desordem dos alunos.
  3. O diretor é ligadão na disciplina e não vai dar colher de chá aos alunos.
Em que situação o enunciado 1 é adequado? E o enunciado 2? E o 3?
Há também o registro vulgar, com palavras de baixo calão e gírias depreciativas, que sempre deve ser evitado.

Considere agora os dois textos a seguir, publicados em paralelo no jornal Zero Hora.
Texto 1


Dano moral e ausência de afeto

                Jornal com circulação local, face recente decisão do Superior Tribunal de Justiça amplamente divulgada na mídia, estampou em manchete que “A partir de agora, pais que não derem carinho aos filhos serão condenados a pagar indenização a eles”.

                Com a devida vênia, apressada e equivocada a afirmativa.

                Por primeiro, imperioso que se ressalte que a referida decisão não tem efeito vinculativo como açodadamente noticiado. Vale dizer, a ela não está atrelado nenhum outro órgão julgador, não significando, portanto, que se terá substancial alteração do entendimento que de forma amplamente majoritária vem prevalecendo. Em segundo lugar, não é definitiva, aliás sequer tomada de forma unânime pelos julgadores, o que, em tese, viabiliza eventual reexame no próprio âmbito do STJ, onde até aqui, repita-se, vem prevalecendo entendimento em contrário ao argumento de que genitor omisso, “condenado a indenizar o filho por não lhe ter atendido às necessidades de afeto, não encontraria ambiente para reconstruir o relacionamento...”.

                Penso que ao final e ao cabo é o entendimento que haverá de prevalecer. A melhor solução para as desavenças familiares é a conciliação e a mediação, evitando-se o litígio e suas nefastas consequências. Não existe previsão legal no ordenamento jurídico no sentido de impor aos pais a obrigação de amarem os filhos e vice-versa, até porque se trata de algo natural, não necessitando, por óbvio, de regras específicas para que ocorra. Mas mesmo quando esse basilar princípio de convivência familiar na prática não se concretize, ainda assim, insisto, não há razoabilidade para que a ausência de afeto reste compensada pela imposição de indenização pecuniária.

                Nada pode substituir o abraço ou um beijo trocado entre pais e filhos. Mesmo quando essa saudável relação não se concretizar por injustificável omissão por parte de quem caberia a iniciativa, ainda assim, insisto, tenho que eventual compensação monetária não teria nem ao menos caráter pedagógico/compensatório, servindo, ao contrário, isto sim, para inviabilizar em definitivo a almejada convivência afetiva. E justamente entre pessoas tão próximas, pais e filhos, que haveriam de nortear a relação através do amor incondicional e mútua compreensão. Acaso a opção seja pela compensação financeira, acredito que nenhuma esperança restará para que um dia o convívio venha a ser pautado pelo afeto.

                Como há mais de duas décadas escreveu Fernando Mottola em memorável sentença que por sua invulgar beleza entrou para os anais da história forense do Estado, “se for inevitável que a ternura almejada se converta em amargo fel, que o carinho tenha por recompensa a incompreensão, que isso se faça pela mão de outrem...”

                A quem decide, com a devida vênia dos que pensam em contrário, não cabe contribuir para que o “amargo fel” prevaleça e se perpetue.

Nilton Tavares da Silva. In: Zero Hora, Porto Alegre, 8 maio 2012.
 Texto 2

A Justiça abriu os olhos!

                Em decisão deste mês de maio, o STJ determinou que o pai deve indenizar a filha por abandono afetivo! Já estava em tempo!

                A ministra Nancy Andrighi, em uma frase, resume bem a celeuma instalada: “Amar é faculdade, cuidar é dever!”.

                Dever! Poucos são os preocupados com o dever! A maioria preocupa-se apenas com os direitos! Esquece-se de que dever e direito estão intimamente ligados. É possível afirmar que de um lado teremos o direito e do outro o dever!

                Nas relações familiares, o dever se impõe de forma bem nítida, quando se menciona o dever dos pais em relação aos seus filhos, exemplo é o dever de convivência e de cuidado, o que foi destacado na decisão do STJ.

                Mas o que caracteriza o abandono afetivo? Tal comportamento ocorre quando o pai ou a mãe se omitem do dever de proporcionar afeto e cuidado ao seu filho de forma que ele desenvolva livremente sua personalidade, ou seja, aquele pai ou mãe que apenas paga alimentos ao seu filho e o abandona afetivamente.

                Precisamos praticar a paternidade responsável!

                O abandono afetivo, como conceitua Lôbo, é o “inadimplemento dos deveres jurídicos da paternidade”, e quem descumpre esse poder-dever familiar pode ser responsabilizado civilmente, o que aconteceu em decisão inédita do STJ.

                Poderia surgir o questionamento: qual a função da reparação pecuniária? Pode-se destacar duas funções: uma punitiva e outra educativa ou pedagógica, pois o afeto não tem como ser valorado pecuniariamente, mas é preciso demonstrar que a conduta dos pais em negar ao filho afeto está equivocada.

                O que importa consignar é a figura do pai como imprescindível ao pleno desenvolvimento da personalidade dos filhos, sua presença é fundamental! Aos pais compete o dever de cuidado e proteção dos filhos!

                Decisão acertada do STJ. Aos operadores do Direito cabe fazer valer os direitos, impondo, para isso, deveres!

Ísis Boll de Araujo Bastos. In: Zero Hora, Porto Alegre, 8 maio 2012.
1.  Compare a linguagem e a estrutura dos textos citados:
a) Qual deles apresenta linguagem mais formal? Por quê?
b) Consequentemente, qual deles é mais claro na exposição das ideias? 
c) Quanto à estruturação das frases, qual deles é mais adequado para veicular na internet? Justifique sua resposta.

2. Para mais exercícios sobre variação linguística, clique aqui.

Linguagem oral e linguagem escrita

A fala é a realização individual da língua. Cada indivíduo tem, portanto, um estilo próprio oral ou escrito.
O texto falado é criado no próprio momento da conversação. É espontâneo e não planejado. Além disso, a presença de interlocutores permite gestos, indicações, explicações, repetições, expressões faciais e outros recursos. As frases costumam ser curtas, cortadas, interrompidas, com inversões na ordem das palavras e outras características.
Ainda que possamos construir textos escritos não planejados, o mais comum é o texto escrito planejado em níveis que variam do muito planejado ao pouco planejado.
Em determinadas circunstâncias, a linguagem falada também pode ser mais ou menos planejada, com uma expressão mais pausada e refletida, como em um discurso de improviso, o depoimento a um juiz ou em uma entrevista para a obtenção de emprego, por exemplo. Portanto, pode haver escritas e falas extremamente formais ou informais.
Além das variações decorrentes do nível de planejamento, outro aspecto que interfere na construção de textos, falados ou escritos, é o estilo do locutor.
Falar é escolher a alternativa que parece melhor, em cada caso, para expressar mensagens que se deseja. As escolhas que vão sendo feitas entre palavras, expressões e estruturas vão dando ao texto suas características estilísticas. Com as escolhas, a expressão do locutor é personalizada em cada texto, marcando sua diferença em relação aos outros. E a língua se abre, desse modo, como um amplo espaço de liberdade.

Veja a seguir alguns exemplos das inúmeras possibilidades expressivas da língua. Em cada caso, tem um conteúdo básico e algumas maneiras alternativas de expressá-lo:
a) Parece que o menino foi visto nas redondezas do cinema.
Parece que viram o menino perto do cinema.
Disseram que alguém viu o menino perto do cinema.

b) A tempestade esvaziou a praia.
A tempestade deixou a praia vazia.
A tempestade fez a praia esvaziar-se.

c) O que será que aconteceu com eles ontem?
O que terá ocorrido com eles ontem?

d) Já aprontaram a pintura da casa.
A pintura da casa já está pronta.

e) Ontem as meninas custaram pra dormir.
As meninas demoraram para adormecer ontem.

f) Eu dei aquele livro pra ele.
Eu dei a ele aquele livro.
Eu lhe dei aquele livro.

g) Eles nos mandaram sair mais cedo.
Eles mandaram que nós saíssemos mais cedo.
Eles mandaram que saíssemos mais cedo.

h) Ele anda vendo todos os jogos do campeonato.
Ele tem assistido a todos os jogos do campeonato.

segunda-feira, 1 de março de 2010

ATIVIDADE

Um outro texto que aborda o tema da confusão decorrente de problema de comunicação é o bem humorado Antena ligada, do escritor Lourenço Diaféria. Vamos conhecê-lo agora.


RUÍDOS DA COMUNICAÇÃO

A esses fenômenos que interferem no processo comunicativo geralmente dá-se o nome de ruídos. O primeiro – a não formação de ideia pelo receptor – denomina-se bloqueio; o segundo, desvio da comunicação. Em ambos, a comunicação não se efetiva.

Antes de continuarmos nossa exposição, vamos testar se você compreendeu como funciona o processo comunicativo e também os ruídos que podem atrapalhá-lo. Para isso, leia a piada abaixo (em muitas piadas, o efeito de humor reside justamente nos ruídos da comunicação) e responda às questões propostas.

A sogra e a má notícia

Um homem foi visitar a sogra, internada em um hospital em estado grave. De volta a casa, a mulher, preocupada com o estado da mãe, pergunta:

- E aí, meu bem? Como a minha mamãe está?

- Segundo o médico, ela está ótima! Com uma saúde de ferro! Ainda vai viver por muitos anos! Na semana que vem ela vai receber alta do hospital e vai vir morar com a gente, para sempre!

- Puuuxa! Que incrível! - diz a mulher - Mas que coisa estranha... hoje cedo ela parecia estar à beira da morte, e o médico disse que ela teria poucos dias de vida!

- Eu não sei como ela estava hoje cedo, mas, agora à noite, quando eu cheguei no hospital, o médico já foi logo falando que eu devia me preparar para o pior!

(Fernando Yudi Ishikawa Komorita. Disponível em: http://www.piadas.com.br

Acesso em: 3 Mar. 08)

1. Entre o médico e o genro, houve comunicação?

2. Que tipo de ruído interferiu no processo comunicativo?

3. Identifique, no texto, o trecho responsável pela falha na comunicação. Qual era a informação que o médico pretendia comunicar? Como o genro entendeu a mensagem do médico?

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO HUMANA

Para entender melhor o processo de comunicação, vejamos como ele é explicado pelo prof. Dílson Catarino:

O homem, na comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os a uma outra pessoa. A palavra falada, a palavra escrita, os desenhos, os sinais de trânsito são alguns exemplos de comunicação, em que alguém transmite uma mensagem a outra pessoa. Há, então, um emissor e um receptor da mensagem. A mensagem é emitida a partir de diversos códigos de comunicação (palavras, gestos, desenhos, sinais de trânsito...). Qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual chamamos de canal de comunicação e refere-se a um contexto, a uma situação. (Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/teoria_comunicacao.shtm Acesso em: 6 Jun. 2008.)

Porém, para iniciar o processo comunicativo, é preciso que o emissor tenha algo a comunicar. No caso da comunicação humana, ela nasce no cérebro, porque é nesse órgão que surgem as ideias. Mas apenas ter ideias não basta, pois se elas se mantiverem presas na mente, pouco ou nenhum efeito produzirão.

Portanto, para poder comunicar-se, o homem precisa de um código adequado. Enquanto só era capaz de produzir grunhidos, gestos e urros; ele pouco se distinguia dos demais animais. Quando, porém, transformou esses grunhidos em linguagem articulada, sua evolução deu um salto. Isso porque a linguagem articulada permitiu ao homem socializar suas ideias com maior eficiência, e, assim, modificar sua condição e interferir no meio ambiente.

Ao receber a mensagem, o receptor a decodifica e forma a ideia que ela contém. Se ele não formar ideia, não compreenderá a mensagem. Por outro lado, se formar uma ideia diferente da do emissor, a mensagem será entendida em outro sentido.

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

Comunicação: você já deve ter ouvido essa palavra uma centena de vezes ao longo de sua vida. Mas já parou para pensar o que ela significa?

Se não, vejamos, para você, comunicação é

a) uma atividade.

b) uma função.

c) um processo.

Se você escolheu a alternativa (c), muito bem! Você acertou! A comunicação é um processo.

Agora, vamos ver mais detalhadamente como esse processo funciona. Para isso, observe as seguintes situações:

Um jogador de xadrez envia seu lance por correspondência para seu adversário; um navio transmite sua posição no mar para um receptor em terra; um cientista divulga os resultados de seus experimentos, que eventualmente confirmam ou refutam uma teoria proposta por outro cientista. (Isaac Epstein. Teoria da Informação. São Paulo: Ática, 1986. p. 14)

O que essas situações têm em comum?

Todas são situações de comunicação. Podemos muito bem verificar a presença, em todas, de alguém (o jogador de xadrez ou o cientista) ou algo (o navio) que envia uma mensagem (um lance de xadrez, uma posição geográfica, resultados científicos) a outro alguém ou algo (o adversário de xadrez, o receptor em terra, outros cientistas). Assim podemos considerar esses três elementos – emissor, mensagem e receptor – como imprescindíveis para o processo comunicativo.

Outro aspecto que você deve ter observado nas situações acima é que o processo comunicativo não se restringe aos humanos: uma máquina, o computador de um navio, por exemplo, pode enviar uma mensagem a outra máquina, como o computador de um farol.

Aqui, no entanto, é a comunicação humana que nos interessa.