Amigos em excesso
Antropólogo questiona a validade de adicionar grande número de contatos em redes sociais
Correio Braziliense
O verso "eu quero ter um milhão de amigos", presente na canção Eu Quero Apenas, escrita por Roberto e Erasmo Carlos nos anos 1970, parece ser encarado literalmente por alguns usuários de redes sociais. Há internautas com centenas de contatos acumulados. Mas como alguém consegue administrar um círculo social tão extenso? Não consegue. É o que garante pesquisa feita na Universidade de Oxford (Grã-Bretanha) .
Liderado pelo antropólogo Robin Dunbar, o estudo aponta que o cérebro humano tem a habilidade de lidar com até 150 amigos, independentemente da personalidade do indivíduo. Quando essa teoria migra para o mundo virtual, a discussão ganha novas variáveis, e a polêmica em torno do número definido por Dunbar aparece com mais força. O cientista baseou sua pesquisa no estudo do tamanho do neocórtex humano, parte do cérebro responsável por pensamentos conscientes e linguagem.
É importante observar que o número determinado na pesquisa se refere somente aos amigos, definidos pelo antropólogo como aqueles com os quais a pessoa se comunica, pelo menos, uma vez ao ano. De acordo com o estudo, quando alguém tenta manter uma rede social com mais de 150 pessoas, a coesão das relações começa a se deteriorar. Essa ideia, ainda segundo o documento, permanece igual quando é analisada nas páginas eletrônicas de relacionamento.
Em entrevista ao jornal inglês The Times, Dunbar chama a atenção para o tráfego de informações entre os usuários desses sites. "O interessante é que o internauta pode ter 1,5 mil amigos, mas, quando o fluxo de mensagens é observado. percebe-se que as pessoas mantêm o mesmo círculo social de cerca de 150 indivíduos", afirma o antropólogo. "Obviamente, muitos usuários gostam da glória de ter centenas de amigos, mas a realidade é que são tão populares quando qualquer outro sujeito", completa o cientista.
Para a psicóloga Maria Luiza Araújo, o ser humano encara a internet como um ambiente mais confortável para se relacionar com quem não é íntimo.
- Muitas vezes, as pessoas adicionadas são, de alguma maneira, conhecidas. Mas essas foram convivências momentâneas e não fazem parte da rotina do usuário - afirma a psicóloga.
(Zero Hora, ZH Classificados/lnformática, 7 fev. 2010.)
Após ler o texto acima, discuta com os colegas o tema exposto, argumentando sobre as seguintes questões:
- amizades virtuais são diferentes das da “vida real” ou tanto faz a maneira como as pessoas se conhecem?
- é possível uma pessoa se relacionar com um número bastante extenso de pessoas (mais de 150) ou a pesquisa está certa?