segunda-feira, 5 de abril de 2010

TIPOS DE TEXTO

Tipos de texto ou discursos de base são modos de organizar os diferentes textos. Assim, um relatório, por exemplo, organiza-se em torno da narração, uma crônica pode se organizar em torno da narração e da descrição, um anúncio classificado se organiza em torno da descrição e um editorial pode se organizar com quatro tipos de discurso: narração, descrição, exposição e argumentação. Naturalmente, em um texto, sempre vai predominar um determinado discurso de base.

Conforme sua função e intencionalidade, prevalecerão certas estruturas sintáticas, tempos e modos verbais, classes de palavras, combinações, etc. de modo que é possível, examinando-o, determinar o discurso de base ou tipo de texto predominante.

Grosso modo, há cinco deles:

Tipos Textuais

Narrativo

Descritivo

Argumentativo

Explicativo ou expositivo

Instrucional ou injuntivo

Tipo textual predominante em gêneros como crônica, romance, fábula, piada, conto, relatório, notícia de jornal, etc.

Tipo textual predominante em gêneros como retrato, anúncio classificado, lista de ingredientes de uma receita, lista de compras, cardápio, etc.

Tipo textual predominante em gêneros como manifesto, sermão, ensaio, editorial de jornal, crítica, monografia, dissertação, tese, etc.

Tipo textual predominante em gêneros como aulas expositivas, capítulos de livro didático, verbetes de dicionário e enciclopédias, etc.

Tipo textual predominante em gêneros como horóscopo, receita culinário (modo de fazer), manual de instruções, livros de autoajuda, propagandas, etc.

José de Nicola. Português. v. 1. São Paulo: Scipione, 2005. p. 157.

Descrição

Agora, leia este texto.

Uma rede de área de sistema (SAN) é uma classe nova de comunicação de alto desempenho interconnector que foi recentemente lançada. Fica disponível para clusters do computador ou de estação de trabalho. O Windows 2000 Datacenter Server suporta SAN com determinado hardware.

Redes de área de sistema fornecem elevada largura de banda (mais do que 1 GB/segundo) com muito baixa latência. SAN são trocadas com um concentrador comum suporte 4 a 8 nós. É possível criar redes maiores de concentradores em cascata. Limitações de comprimento do cabo podem variar entre metros uns para alguns quilômetros.

Uma SAN é normalmente utilizada para interligar nós num sistema informático distribuído, tal como um cluster. Estes sistemas são membros de um domínio administrativo comum e estão normalmente em proximidade física. Uma SAN é assumida como fisicamente segura. (Adaptado de http://support.microsoft.com/kb/260176/pt. Acesso em: 5 abr. 2010.)


Como você deve ter notado, esse texto não nos conta um fato, mas sim apresenta um produto – as redes de área de sistema –, enumerando suas características principais. É, pois, um texto descritivo.

A descrição é um discurso de base que sustenta textos em que se caracteriza algo ou alguém, em que se colocam em evidência as características que se percebe do objeto observado. Esse tipo de texto provoca uma imagem, um reconhecimento do que foi caracterizado.

Sendo assim, descrever é criar imagens com palavras. As descrições apresentam informações apropriadas sobre algo (objeto, pessoa, ambiente). Para o escritor, a descrição precisa responder, pelo menos, a algumas destas perguntas:

Ø O que é isto?

Ø Para que serve?

Ø Isto se parece com quê?

Ø De que é feito?

Ø Como funciona?

Ø Quando isso ocorreu?

Ø Quem fez e como?

A descrição evidencia a percepção que o autor tem dos objetos e dos sentimentos através dos cinco sentidos. Ela é o resultado da contemplação e da apreensão de algo objetivo ou subjetivo que foram mediatizadas pelos cinco sentidos.

De acordo com a finalidade, se faz a descrição. Uma flor pode ser descrita por um poeta para compará-la artisticamente à sua amada ou ser descrita por um botânico para o estudo de suas características.

Também é diferente a descrição de um aparelho para que um leigo saiba como usá-lo ou para que um técnico tenha as indicações necessárias a fim de poder fazer um conserto. Portanto, conforme a finalidade, escolhe-se o ponto de vista: o que deve ser apresentado com destaque, que pormenores devem ser escolhidos, em que ordem descrever.

Dependendo do ponto de vista e da atitude de quem escreve, a descrição pode ser:

a) objetiva: busca-se o retrato mais fiel da realidade, ser ou objeto descrito. Nesse tipo, a qualidade mais importante será a precisão, a exatidão. É uma forma de exposição e geralmente é analítica. Esse tipo de descrição presta informações objetivas, analisando e distinguindo as partes que compõem o objeto da descrição. Encontra-se a descrição objetiva em manuais, retrato falado, cartas, ensaios, livros de guia, histórias ou anúncios, onde e quando a descrição oferece meras informações sobre certo objeto.

b) subjetiva: retrata-se o ser ou objeto sob a perspectiva de quem escreve, existe um “descomprometimento” com a exatidão, com a realidade; selecionam-se as informações a partir das impressões, das sensações despertadas. É o tipo de redação que descreve a impressão do mundo captada pelos sentidos do escritor, de acordo com sua sensibilidade e imaginação. A descrição subjetiva é mais comum em textos como crônicas, romances, novelas, contos.

Gramaticalmente, predominam nos textos descritivos:

ü frases nominais e orações centradas em predicados nominais;

ü formas verbais no presente ou pretérito imperfeito;

ü adjetivos;

ü advérbios de lugar, identificando a dimensão e/ou disposição espacial do objeto descrito;

ü períodos curtos e coordenação.

Hêndricas Nadólskis[1] destaca ainda a descrição técnica, a qual

descreve objetos, maquinismos, componentes, processos; especifica qualidades do todo e das partes; analisa o funcionamento. Caracteriza-se pela precisão do vocabulário, cuidadosa escolha dos pormenores significativos, linguagem correta, objetiva, com frases curtas e diretas.

Basicamente, a descrição técnica pode ser de objeto ou de processo. A descrição de objeto define, apresenta características, mostra as partes e funções, indica finalidades. A descrição de processos apresenta seu desenvolvimento em ordem cronológica, com indicação clara das frases, realçando a ação, os movimentos e apresenta resultados. Desenhos gráficos ajudam a entender melhor o processo. Os pormenores devem ser criteriosamente selecionados para não se confundir a compreensão do que é essencial. (2005, p. 133-134)

Exemplo de descrição técnica:

VELOCIDADE MÁXIMA NA INTERNET

“Você agora vai conhecer Speedy – a mais nova maneira de acessar a Internet. É até 100 mais veloz do que o acesso discado convencional. A tecnologia Speedy (ADSL) possibilita o envio e recebimento de dados em altíssima velocidade e a conexão direta com o seu provedor garante segurança, privacidade nos e-mails e sites acessados, além de uma qualidade muito maior. Além disso, permite o funcionamento do seu telefone e do seu aparelho de fax simultaneamente.

É veloz. Muito mais veloz. Você consegue baixar filmes, músicas e jogos com altíssima qualidade de som e imagem.”

Mala direta da Telefônica

Esquematizando, podemos diferenciar narração e descrição da seguinte maneira:

Sequência narrativa

Sequência descritiva

Foco no fato e na ação.

Foco no ser.

Noção processual, de progressão temporal.

Noção estática, de permanência temporal.

Predominância de verbos de ação, circunstanciais espaço-temporais.

Predominância de verbos de estado, adjetivos e circunstanciais espaciais.

Fonte: José de Nicola. Gramática da palavra, da frase, do texto. São Paulo: Scipione, 2004. p. 450.



[1] NADÓLSKIS, Hêndricas. Comunicação redacional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

Narração

Observe o trecho a seguir.

No final de 1966, Roberts começou a trabalhar no DARPA para desenvolver o conceito das redes computadorizadas e elaborou o seu plano para a ARPANET, publicado em 1967. Na conferência onde ele apresentou este trabalho, houve também uma apresentação sobre o conceito de redes de pacotes desenvolvida pelos ingleses Donald Davies e Roger Scantlebury, da NPL-Nuclear Physics Laboratory. Scantlebury conversou com Roberts sobre o trabalho da NPL e do trabalho de Paul Baran e outros em RAND. O grupo do projeto RAND tinha escrito um trabalho sobre o papel das redes de trocas de pacotes para voz segura quando serviam militarmente em 1964. O que se percebeu então é que os trabalhos desenvolvidos no MIT (1961-67), RAND (1962-65) e NPL (1964-67) estavam se desenrolando em paralelo sem que nenhum dos pesquisadores soubesse dos outros trabalhos. A palavra "pacote" foi adotada do trabalho desenvolvido no NPL e a velocidade de linha proposta para ser usada no projeto da ARPANET foi upgraded de 2,4 Kb para 50 Kb.

Em agosto de 1968, depois de Roberts e o grupo do DARPA terem refinado a estrutura e especificações para a ARPANET, uma seleção foi feita para o desenvolvimento de um dos componentes-chave do projeto: o processador de interface das mensagens (IMP). Um grupo dirigido por Frank Heart (Bolt Beranek) e Newman (BBN) foi selecionado. Paralelamente ao trabalho do grupo da BBN nos IMPs com Bob Kahn assumindo um papel vital do desenho arquitetônico da ARPANET, a topologia e economia da rede foi desenvolvida e otimizada por Roberts em conjunto com Howard Frank e seu grupo da Network Analysis Corporation, e sistema de mensuração da rede foi preparado pelo pessoal de Kleinrock na UCLA -University of California at Los Angeles. (Disponível em: http://www.aisa.com.br/historia.html#origem. Acesso em: 5 abr. 2010.)

Como você pôde perceber, o texto conta como surgiu a internet. Para isso, apresenta-nos uma série de informações a respeito do tempo (quando isso aconteceu) e do espaço (onde aconteceu), quem participou, etc. Ou seja, o que temos aqui é um relato, um texto narrativo.

A narração é um discurso que fundamenta textos em que se apresenta o relato de uma sucessão de acontecimentos diversos de que se compõe o fato narrado (por exemplo, a criação da internet) ou de uma sucessão de fatos que formam a história que nos é contada (por exemplo, o enredo de um romance).

Simplificadamente, narrar é relacionar situações ou fatos e personagens. Textos de base narrativa se caracterizam fundamentalmente pela evolução cronológica de ações, as quais são vistas sob determinada lógica e constroem uma história que nos é dada por um narrador.

Um texto, organizado com base na narração apresenta, dependendo dos objetivos do autor, todos ou alguns dos elementos constitutivos da narração:

Ø O quê?

Ø Com quem?

Ø Quando?

Ø Onde?

Ø Como?

Ø Por quê ou para quê?

Ø Quais as consequências?

Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de:

ü formas verbais indicando um processo ou ação;

ü verbos no pretérito;

ü advérbios de tempo e de lugar.

A narração embasa textos informativos (ata, relatório, texto de História, diário, reportagem) ou persuasivos (fábula, conto, novela, história em quadrinhos, piada, parábola, romance).